quarta-feira, dezembro 31, 2003

Constelação de Estrelas
A todos os que me fizeram sonhar, chorar, rir,
Me aproximaram mais do meu eu.
Aos do Mal , encantos de escrita, a revelação intelectual deste ano que passa.
A da paragem ,amiga, este foi o ano da consolidação de uma amizade.
À S querida amiga, os meus dias seriam mais pobres se não estivesses neles
À L , sabes que me podes pedir a lua em nome da nossa amizade, sei também que não a pedes.
À J , desculpa se por vezes não te disse as vezes suficientes que és uma amizade muito importante.
Ao F , obrigado por me dares um sentido de serviço á minha vida.
Ao C, obrigado pela rebeldia que ainda me vais alimentado na minha vida.
À G , obrigado por me mostrares a tua Fé , és admirável.
A todos os outros que tornaram o mundo melhor, mais belo, mais tranquilo, mais verdadeiro, mais interessante de viver.
A todos o meu mais profundo amor e respeito para este ano que passou e para o ano que ai vêm.

segunda-feira, dezembro 29, 2003

Fragmentos #19

Redenções esporádicas abatem-se como ondas numa praia que depois de se estenderem no areal se recolhem para o seu mar deixando pouco mais que terreno húmido.
As promessas são assim, vêem, molham e escoam-se entre dedos de quem tenta reter, por necessidade, o mais essencial.

domingo, dezembro 28, 2003

Fragmentos #18

Nunca me expus tanto,
Nunca precisei mais que agora que alguém me dissesse que ainda sou presença na vida.
Fragmentos #17

Foi um tempo de horror, amores correspondidos, amores traídos, amores impossíveis, amores realizados e eu sempre com o estigma da solidão pendente sobre mim, sempre com o vazio no peito a doer.
Sinto-me um excluído das graças do Amor, sinto-me excluído da vida que passa.
Sinto uma profunda dor que se instala no peito e que me leva a pensar nas tantas formas de a combater.
Sinto a perda do tempo que passa por mim sem me dar uma satisfação, uma explicação, uma solução.

sexta-feira, dezembro 26, 2003

Fragmentos #16

Sem destinatário, sem rosto ou corpo,
Mas sempre presente na minha vida a necessidade de lhe dar um rosto,
De lhe dar um nome,
De lhe dar um corpo...


I want you, you, you
All I want is you, you, you
All I want is you
Give you the stars above, Sun on the brightest day
Give you all my love, if you would only say
I want you, you, you
All I want is you, you, you
All I want is you

Tom Waits
The Early Years Volume 2

domingo, dezembro 21, 2003

Fragmentos #15

A verdade liberta, magoa, fere na carne, sente-se no espírito, mas traz uma paz redentora.
As lágrimas que uma verdade traz são pérolas de um momento de libertação que já conhecíamos e que nenhum de nós quis admitir.
Assim adquire-se uma calma e uma aceitação do real que transcende a paz do costume ou a paz do esquecimento.

sábado, dezembro 20, 2003

Natal

Hoje para mim é Natal,
Redescobri o sorriso de Deus feito menino perdido no meio de um pacote de arroz.
Redescobri a alegria por dar o meu tempo, a minha disponibilidade, a minha vontade.
Redescobri o Amor do momento do nascimento de Deus no contentamento das crianças.
Por tudo o redescobri hoje, pela fé que renovei nos Homens, por saber que não é só aqui que há quem se preocupe ou se interesse por aqueles que nada tem para celebrar senão a fome, a miséria, a guerra ou a ausência do Amor, por isso tudo hoje é para mim dia de Natal.
A todos um Bom Natal.

quinta-feira, dezembro 18, 2003

terça-feira, dezembro 16, 2003

Fragmentos #14

Das milhares coisas que eu te podia ter dito...
Que me prendes o olhar,
Que arrebatas-me pela voz,
Que me fixas em ti,
Logo tinha que sair uma frase desconexa sem sentido ou graça.

domingo, dezembro 14, 2003

Fragmentos #13

Porque procuram os meus olhos os teus,
Se não sei mais que o teu nome.
Porque reparo na tua voz,
Se ela nunca me deu mais que um olá.
Porque me sinto envergonhado,
Se nem te conheço ou falo contigo.

sexta-feira, dezembro 12, 2003

Fragmentos # 12


Magoam os silêncio, ofendem as meias verdades e as falsas promessas, a verdade cruel continua a ser preferível á mentira piedosa.
Fragmentos #11


José Régio apareceu na minha vida , na parte de trás de um livro, por um excerto do Cântico Negro, a identificação foi como que imediata , eu não sabia para onde ia , sabia que não queria ir para onde todos esperavam que fosse, a inconformidade o desassossego que esse poema me provocou ainda hoje perdura.
Régio é um poeta que surge numa altura difícil eu acredito que há coisas aparecem quando mais necessitamos, e Régio surgiu para me acordar para um por em causa e não me conformar na altura em que aparentemente tudo já estava decidido tudo já se encontrava estabelecido e estável, não foi o único houve mais coisas e pessoas que nessa altura surgiram na minha vida. Ás vezes precisamos de repensar tudo, de reformular, não encarar projectos de vida como fechados e em fase de finalização, ás vezes a insatisfação e a inquietude são os tónicos necessários para redescobrir a vida como tem que ser vivida.

quinta-feira, dezembro 11, 2003

Fragmentos #10


Sempre a admirei, sempre gostei desta música, sempre adorei este poema.

Marlene Dietrich's Favourite Poem

My mother loved it so she said
Sad eyed pearl and drop lips
Glancing pierce through writer man
Spoke hushed and frailing hips
Her old eyes skim in creasing lids
A tear falls as she describes
Approaching death with a yearning heart
With pride and no despise

Hot tears flow as she recounts
Her favourite worded token
Forgive me please for hurting so
Don't go away heartbroken no
Don't go away heartbroken no

Just wise owl tones no velvet lies
Crush her velvet call
Oh Marlene suffer all the fools
Who write you on the wall
And hold your tongue about your life
Or dead hands will change the plot
Will make your loving sound like snakes
Like you were never hot

Hot tears flow as she recounts
Her favourite worded token
Forgive me please for hurting so

My mother loved it so she said
Sad eyed pearl and drop lips yeah
Glancing pierce through writer man
Spoke hushed and frailing lips yeah
Old eyes skim in creasing lids
A tear falls as she describes
Approaching death with a yearning heart
With pride and no despise

Hot tears flow as she recounts
Her favourite worded token
Forgive me please for hurting so

Peter Murphy - Deep

quarta-feira, dezembro 10, 2003

Fragmentos #9

Os meus olhos não foram entendidos correctamente, fizeram o que eu não queria.

segunda-feira, dezembro 08, 2003

Fragmentos #8

Tenho saudades das tardes de chuva na Foz, dos cafés à beira mar, e tudo aquilo que me faz gostar da praia na altura que todos fogem dela.

Mar

Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.

E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Poesia I


Adicção
Uma Alma com uma cor linda

quarta-feira, dezembro 03, 2003

Fragmentos #7

Ontem recordei com comoção os meus circos de Natal,
O acordar cedo e ir a Lisboa, a chuva na manhã de Sábado, o cheiro que o Coliseu dos Recreios tinha à entrada, cheiro a Algodão Doce, com tantos meninos como eu com toneladas de roupa para o frio, a confusão que era e as prendas que recebia do Banco para onde o meu pai trabalhava.
Mas mais fantástico ainda ficou para sempre na memória infantil a actuação dos Malabaristas, Trapezistas, dos corajoso domadores de Leões e dos Palhaços... esses seres fantásticos que me fizeram rir e me levaram a sonhar, foi ai que ganhei o respeito que tenho pelos palhaços, dai nunca me chatear quando me chamam de palhaço, isso quer dizer que um dia vou acordar e vestir um casaco vermelho, por um cabelo laranja, um chapéu com uma pena e umas meias de arco íris, calçar uns sapatos enorme e por na lapela uma flor que esguicha água para aqueles que me aborreçam e fazer sonhar e rir meninos como eu já fui.

segunda-feira, dezembro 01, 2003

Fragmentos #6

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros, ao longe”.

O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis, e às vezes ela também me quis...
Em noites como esta eu a tive entre os meus braços.
A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito.
Ela me quis, às vezes eu também a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como na relva o orvalho.
Que importa que meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero.
É tão curto o amor, e é tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,
minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes, os últimos versos que lhe escrevo.

Pablo Neruda - Poema 20
Fragmentos #5

Nas manhãs mais cinzentas
Viajo com esperança no coração
De ver-te num vislumbre.
No meio do nevoeiro na terra do passado e futuro